O homem busca o futuro por que não gosta do presente e espera algo melhor. Teme um determinado aspecto da vida e quer que ele se torne passado. Suas vagas esperanças em relação ao futuro e o estado não satisfeito e desagradável do presente são, em geral, suas razões para afastar-se do presente e buscar o futuro e, dessa forma, ele não vive o agora.

De outro lado, ao buscar o futuro o homem o teme. O futuro também significa morte e decadência. Portanto, ao buscar o futuro com a esperança de satisfação, ao mesmo tempo ele nada contra a correnteza do tempo, desejando imobilizar-se nele ou até mesmo regredir para a juventude.

Ele quer duas coisas impossíveis: quer a realização do futuro no passado ou, pelo menos, no presente. Assim, existem dois movimentos contraditórios da alma. Um puxa para a frente, o outro rema para trás. Nem é preciso dizer que a alma sofre por causa dessa tensão, desse gasto irrealista, inútil e destrutivo de energia.

O movimento natural do tempo é um fluxo constante e harmonioso. Se o homem entrar nesse ritmo ele ficará em harmonia.  Mas ele somente pode fazer isso se estiver no tempo da única maneira significativa, ou seja, usando cada momento, cada episódio para crescer. 

Ao não fugir do futuro, ele não terá medo do futuro. Ao não fugir do presente, ele vai utilizá-lo, e portanto não vai parecer desejável afastar-se dele. Isso é ser. Não é ainda o estado mais elevado de ser, mas é o estado de ser compatível com a dimensão de tempo em que vivemos.