Receber (gesto de)
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Veja: Aceitação, Doação, Necessidades

É uma necessidade e uma autoexpressão legítima.

Receber e dar são o mesmo fluxo e movimento, constituem uma unidade. Quando nossa psique é acionada pelo "eu e o outro", não há mais conflito entre dar e receber.

Na exata medida em que tememos dar, estaremos desconfortáveis para receber, mesmo que o queiramos realmente. A necessidade de ser amado é real, mas se torna infantil e imatura quando o adulto trava a alma e se recusa a crescer, no sentido de desenvolver a capacidade de dar amor, de modo que a necessidade de receber fica isolada e também encoberta.

Usando os padrões destrutivos, jogamos no inconsciente a doída necessidade de receber. Devido a essa falta de consciência, e também aos diversos mecanismos de defesa, nossa capacidade de dar nunca se desenvolve dentro da psique. Receber depende diretamente da consciência de ser digno desse direito. E dar amor também depende disso, porque se não estivermos conscientes do próprio valor, o fato de recebê-lo ameaça acarretar uma punição maior e nos expõe à dor do sentimento de falta de valor.

Sentir-se erroneamente culpado sobre a necessidade natural de receber automaticamente prejudica a capacidade de dar, por mais que a doação seja praticada. Existe aí o desejo inconsciente de esmagar uma culpa persistente.

O conflito com relação a dar e receber é vivido frequentemente em nossa experiência. Podem existir, por exemplo, uma compulsão a dar e uma culpa por receber, ou achamos que a melhor coisa que nos pode acontecer é receber o amor dos outros, sem o risco de sair ferido.

No entanto, se o relacionamento é determinado unicamente pelo intelecto e pela vontade externos, essas faculdades não conseguem encontrar o delicado equilíbrio entre permitir nossa autoexpressão e receber a autoexpressão do outro.

Se não conseguimos receber porque não nos sentimos merecedores disso, também não podemos dar. Não receber o que é dado é uma forma grosseira de não dar. Aceitar já é dar, desde que seja uma atitude nascida da sinceridade, e não do pequeno, possessivo e trapaceiro Eu Inferior.

Todo ser humano contém um mecanismo embutido que torna o receber impossível, quando a alma nega a capacidade e o impulso inatos de dar. Nosso apego medroso e desconfiado interrompe o processo total de dar e receber, e a graça de Deus, com todas as suas manifestações, não pode entrar na consciência da personalidade. É como se a personalidade total fosse entorpecida, de modo que a visão total da vida ficasse distorcida, o que fortalece a ilusão de que vivemos num universo pobre, vazio, tanto quanto nosso universo interno o é.

Perguntar como descobrir as violações praticadas e como mudar correntes interiores é a atitude correta para eliminar os obstáculos em nos tornarmos um canal independente para receber o amor que o outro nos oferece, e para receber a vontade de Deus.

O que ocorre com os indivíduos ocorre coletivamente. Dar e receber podem existir, quando os países compartilham seus recursos, e não quando os acumulam e usam para ter mais poder e riquezas, sem se importar com as pessoas que sofrerão privações.

Palestras: 035, 100, 121, 138, 233, 250

035: VOLTAR-SE PARA DEUS
100: ENFRENTANDO A DOR DOS PADRÕES DESTRUTIVOS
121: DESLOCAMENTO,SUBSTITUIÇÃO, SOBREPOSIÇÃO
138: O DILEMA HUMANO DE DESEJAR E TEMER A PROXIMIDADE
233: O PODER DA PALAVRA
250: O SIGNIFICADO DA GRAÇA. LIBERANDO A FÉ. VIVENDO NO DÉFICIT

ABC

Sentença do Guia “Encarar o eu muitas vezes significa desapontamento, porque o homem acredita que está muito mais avançado em seu desenvolvimento –até que encontra seu lado feio. Ele pensa que só o que fez conta, mas as emoções também contam, e elas causam tantos efeitos como as ações exteriores.” P.005