É uma distorção da integridade e da honestidade.

A recusa ao autoengano com relação ao empenho total em tudo o que fazemos, juntamente com leveza, são as propriedades que estabelecem condições compatíveis com o poder universal. Este pode, então, manifestar-se, fluindo em nosso ser, revitalizando todos os órgãos internos e externos, todas as facetas da personalidade. A inteligência autônoma pode manifestar-se a partir do nosso âmago, guiando, inspirando, orientando, até o ego separado integrar-se a ela e nos tornarmos unos e inteiros.

Um ser humano que, por um lado, é sério demais, pesado e intenso, e por outro lado é desconcentrado, dividido em suas motivações e desejos, incorre em autoengano. Esse desequilíbrio precisa dar lugar ao oposto, dos dois lados. Onde há divisão de direção, é preciso unificar os caminhos; onde há conflito de desejos, é preciso unificar seu fluxo; onde há dano à integridade e desonestidade, talvez nos níveis mais profundamente ocultos, é preciso fazer reinar a honestidade; onde há relutância em entregar-se à vida, é preciso criar a vontade de investir na vida.

Simultaneamente a essa reorientação de caráter e personalidade, pode-se permitir abrir mão da intensidade e tornar-se leve, onde antes prevalecia o pesado.

Em vez de levar a vida e a si mesmo tão a sério, de modo negativo, desesperador como se fosse um fardo, é possível levar a si mesmo e a vida a sério, mas de outra maneira: na honestidade com relação à vida e ao eu, na sinceridade ao querer dar tanto quanto receber.

Nada precisa ser visto como a última palavra, nada precisa ser objeto de luta a favor ou contra. E essa falta de intensidade na forma certa torna o poder universal acessível.