Existem dois modos de aproximação à espiritualidade humana.

O primeiro deles consiste em focalizar a divindade latente que existe em cada um de nós, até que essa possibilidade se transforme em realidade.

O segundo modo insiste na tarefa de iluminar, com a luz da percepção da consciência e experiência, as distorções interiores, a feiura, o sofrimento, e também a verdade interior, a beleza, o amor, a bondade e a alegria. É uma missão de purificação e crescimento da “matéria cósmica” ainda não desenvolvida.

No primeiro modo, há muitas atividades cujas práticas, ensinamentos e exercícios auxiliam, ativa e eficientemente, para o desenvolvimento e elevação, manifestação e expressão da realidade divina interior. Contudo, isto não significa necessariamente que outros níveis de consciência, ainda não unificados, sejam automaticamente eliminados e incorporados ao núcleo divino.

É muito possível, e de fato ocorre com muita frequência, que tais atividades tragam verdadeiramente à tona o Eu Superior, real e, ainda assim, deixem intactos aspectos ainda não desenvolvidos da consciência. Muitos seres têm um desejo tão intenso de realização de sua natureza divina, inerente, que se esquecem, enquanto no nível do corpo, que aqui estão para cumprir a missão de purificação e crescimento da “matéria cósmica” ainda não desenvolvida, como foi anteriormente assinalado.

Para cumprir essa missão é necessário desenvolver uma grande sensibilidade, de modo que as constâncias e as alternâncias expressas em cada caminho individual possam ser reconhecidas: saber quando focalizar mais um aspecto ou outro; quando se concentrar no Eu Superior para fortalecê-lo e assim permitir que ele nos oriente mais e mais; quando prestar atenção ao Eu Inferior, sua desonestidade e trapaça, seu ódio e malícia camuflados; quando olhar para os truques do Eu-Máscara – como mascara a si próprio, que defesas utiliza para manter o Eu Inferior oculto, etc.; e quando é chegada a hora de vivenciar sentimentos até então evitados.

Tanto aquele que passa pelo processo quanto aquele que o auxilia devem perceber as sutis alternâncias, porque cada aspecto tem um ritmo diferente. O propósito do segundo modo de aproximação à espiritualidade é auxiliar no sentido da reunificação de tudo o que se cindiu.

Vários aspectos da espiritualidade são tratados nas palestras: suas diferentes abordagens (193); seus estágios de desenvolvimento (105); motivos da busca da espiritualidade (015q); padrões sobrepostos (104q); pensamento e vontade como bloqueios ao desenvolvimento da espiritualidade (104); relação entre espiritualidade e sexualidade (207); espiritualidade e “pecado” (002); repressão das tendências positivas e negativas (068).