Recomende:
|
Veja: Autotraição
É a emoção que a criança sente quando se alia de forma muito sutil ao pai que a rejeita e, tal como ele (ou ela), passa a rejeitar o outro, aquele que parece fraco.
A preferência da criança é ser aceita pelo que rejeita e é desejado, do que ser identificado com aquele que é carente, fraco e dependente. Quer se trate de comportamentos efetivos ou de sentimentos, quer se trate de concretizar a rejeição ou apenas desejá-la, a simples inclinação nesta direção já é suficiente para fazê-la sentir que trai aquele pai (ou mãe) que de fato lhe dá o que ela anseia.
Essa emoção se agrava na medida em que a criança acaba abandonando aquilo que mais busca. Assim, a criança trai o que há de melhor nela porque impede o desdobramento de sua capacidade de amar. Ao mesmo tempo, trai aquele pai (ou mãe) que, de fato, lhe deu aquilo que desejava receber do outro e, inconscientemente, passa a considerar o próprio ato de dar uma fraqueza que merece desprezo.
Esta traição é sutil, mas é ao mesmo tempo o conflito mais dominante na alma e está na base da vergonha que a pessoa sente do seu Eu Superior. Ela se baseia na seguinte conclusão errônea: o amor é fraqueza; a negação do amor e da afeição é força.
Encontrar essa traição interna e interrompê-la é importante, não por causa daquele pai ou daquela mãe em questão, mas principalmente, porque para o adulto isso é um sofrimento muito maior do que consegue perceber. Essa traição lhe pesa com a mais profunda culpa, obscurece a perspectiva de vida, elimina a autoconfiança, a segurança em si mesmo, o respeito próprio e será responsável pela raiz mais profunda dos sentimentos de inferioridade.
Essa traição corrói o governo de si mesmo em várias (senão em todas) as áreas da vida. Em outras palavras, o processo de autogoverno, de liderança interna precisa ser assumido se for verdadeiramente a expressão de um processo integrado com relação ao indivíduo mesmo, o que significa a capacidade de exercer uma certa dose de disciplina, firmeza, força, de não sucumbir à tentação de ceder ao Eu Inferior.