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Veja: Identidade, Identificação
É a identificação consigo mesmo, ao contrário da identificação com os outros. A pessoa madura, externa e internamente, depende de si mesma, e nesse processo reside a sua capacidade de reciprocidade, de relacionamento.
Isso não ocorre com uma maioria, que permanece na recusa (interior e inconsciente) a cortar os laços com a autoridade protetora, com a qual estabelece uma identificação. Se o bom exemplo que a criança precisa para moldar seu ego serve apenas para que prossiga com essa identificação, sem se libertar, o bom propósito original foi mal interpretado. Nesse caso, a criança deseja tornar-se o genitor com o qual tem identificação favorável, e mais tarde procura ser esse genitor, em vez de encontrar e ser o seu próprio eu. É importante entender que essa identificação pode não ser evidente ou não vir à tona.
É preciso também procurar a identificação negativa. A ligação com esse genitor indesejável, que a pessoa rejeita, pode ser ainda mais difícil de romper do que o vínculo com o genitor amado. Se para a criança a identificação positiva é desejável, para o adulto, a identificação positiva é tão indesejável quanto a negativa, pois ambas impedem a evolução do eu.
A identificação original com o genitor muitas vezes é substituída, mais tarde, por outros que tomam o lugar dele, sem que o eu consciente se dê conta disso. E no seu lugar podem ser colocadas pessoas, grupos, nacionalidades, religiões, afiliações políticas ou causas. Em todas essas situações, há um dano.
O isolamento do eu é efeito de uma identificação que está fora de si mesmo. Sempre que existe essa falta de identidade, essa dependência dos outros por meio da identificação, vamos constatar que, de uma maneira ou de outra, tentamos usá-los. Quanto mais usarmos as pessoas de que precisamos, mais fracos nos tornaremos, e mais acreditaremos que precisamos dos outros para nos fortalecer.
Sempre que constatamos uma necessidade aguda de estar no controle – dos outros, de uma situação, de um relacionamento – contamos com uma pista para descobrir a não identificação com nós mesmos. Não somos nossos aspectos negativos, nem nossas tentativas de escondê-los. Nós apenas somos o eu consciente, que arranca a máscara, abandona as defesas e supera a resistência de expor culpas aparentemente vergonhosas. Nosso Eu Real reconhece os traços negativos e cria uma nova liberdade. No momento em que ocorre a autoidentificação, um terror profundo e aparentemente insondável de aniquilação desaparece.