É o mesmo que raiva. A ira é sempre uma mentira, porque encobre a mágoa.

Ao nos sentirmos envergonhados pela humilhação que atribuímos aos outros, conferindo-lhes esse poder, apelamos para a raiva como uma forma aceitável de lidar com a dor. A raiva é deslocamento e por isso provoca efeitos negativos. Se a emoção primária da mágoa ou dor não for mais consciente ou estiver entremeada com a raiva, ela se torna destrutiva.

Não faz diferença se a raiva se manifesta em palavras ou atos, ou se é simplesmente uma emanação. Ao assumirmos a mágoa, não interrompemos a comunicação com o outro, como ocorre quando assumimos a raiva. Assim, a emoção primária e autêntica não é contrária ao amor, mas a emoção substituta é.

A raiva só pode ser dissolvida, se entrarmos em contato com ela em sua pureza, isto é, sem necessariamente ter uma ação destrutiva em relação ao outro, sem julgar-se e sem justificativas.

A negação da raiva provoca hostilidade, rancor, crueldade, que precisam ser encobertos para atender às normas sociais. Causamos, portanto, a dor no outro, tanto pela nossa ação quanto pela nossa omissão.

Assim, a negação dos sentimentos de outra pessoa provoca dor em nós, tanto quanto provocamos dor no outro, ao negar nossos próprios sentimentos.