É um processo de enfrentamento entre o que é a realidade final em sua bondade, riqueza, beleza, alegria e aquilo que é escuro, contraído, confinado, impotente, negativo e destrutivo.

O combate básico contra a verdade tem como resultado conceitos divididos. O homem, por exemplo, concebe a vida como algo estimulante, mas para isso acredita que é preciso renunciar à paz de espírito, ou se ele deseja paz e serenidade, crê que precisa sacrificar o aspecto dinâmico da vida, precisa estagnar e ficar isolado. Essas falsas alternativas, baseadas em premissas falsas, levam a uma falsa escolha.

A ideia de que é preciso passar sem uma faceta da vida da qual todas as pessoas deveriam desfrutar – seja a paz, a vibração ou o interesse -, vai acarretar, por meio do comportamento ou das emanações, das atitudes implícitas e explícitas, uma privação desnecessária de alguma faceta da força vital.

Nesse combate para superar os obstáculos que vêm da falta de consciência, o conhecimento é resgatado e emergem à tona nossas negatividades e nosso desejo de viver de forma limitada e indesejável. Combater para fugir dos sentimentos indesejados leva necessariamente a mais combate na direção errada. Esperar a eliminação dos sentimentos indesejados antes de tê-los experimentado, entendido e sentido, é estar num beco sem saída. A dor que sentimos nesses momentos é a da desunião interior. Só o reconhecimento dos aspectos negativos em nós nos ajuda à libertação da prisão que criamos.

O combate doentio é aquele que empreendemos para não tomar consciência das nossas atitudes ocultas, estancando o fluxo de nossas emoções. E nos embrenhamos nele pelo medo da imperfeição; medo de abandonar meios que supostamente são proteções contra mágoas; insistência em continuar sendo criança e abrir mão da satisfação imediata de todos os desejos. Em suma, é um sentimento contraditório entre temer a impotência e potência.

O combate saudável orienta nossa energia nos canais adequados para desenvolvermos potenciais, atingir metas, nos defendermos quando alguém quer tirar proveito de nós. O combate adequado é um estado da mente no qual o esforço se descontrai e pode lidar com o indesejável com um espírito e uma atitude quase semelhantes ao esforço para chegar ao desejável, tomando distância e observando as reações à dor e ao prazer, à vida e à morte.

Quando de fato pudermos entender que Deus age certo, mesmo quando enfrentamos o grande desconhecido, nossa mente se aquietará. Terá, então, renunciado ao combate que procura “encontrar uma saída” da dor da dualidade, mas que de fato aperta o laço, devido à própria natureza desse combate. O movimento tenso para afastar-se de um “objetivo” e aproximar-se de outro cessará e será vivenciada a unidade da vida. É preciso, portanto, continuar o combate e desistir dele e é nossa experiência que vai dizer onde ele continua ou cessa.