É um mecanismo de defesa. Por meio desta limitação autoimposta, nós nos isolamos cada vez mais e instituímos os padrões através dos quais as outras pessoas nos magoarão e frustrarão, porque, inconscientemente, já decidimos isso. Consequentemente passamos a nos defender cada vez mais, e assim um ciclo vicioso funciona por si próprio, envolvendo-nos e às outras pessoas. Isso afeta os mecanismos de defesa dos outros e consequentemente faz com que ambas as partes rejeitem-se uma à outra.

Acreditamos erroneamente que se as nossas fraquezas, ou ao menos certas fraquezas, são expostas, os outros têm o direito de nos rejeitar e nós de não amá-los. E isso é intolerável. Consequentemente, usamos todos os nossos mecanismos de defesa, com todos esses processos, para fugir do perigo imenso e imaginário a fim de preservar nosso status como ser humano digno de amor. A defesa não dá o menor espaço para a verdade, para a realidade.

Ao ser criticado, nosso comportamento pertinente seria o de ouvir com calma, verificar se há alguma verdade na crítica e observar os medos interiores. Justificada ou injustificada, a crítica não pode nos prejudicar, a menos que pensemos que não seríamos amados e respeitados, se algo fosse encontrado em nós que merecesse crítica.

O julgamento equivocado do outro ou a mentira nunca pode nos prejudicar como nossa defesa o faz. E quanto menos defensivos, mais capazes seremos de corrigir uma mentira ou um mal entendido, o que não quer dizer que não nos defendamos contra uma mentira flagrante, uma calúnia ou o rumor prejudicial. Isso recai à categoria de defesa realista.Com ela podemos lidar apenas na medida em que a atitude defensiva não realista está ausente. Quanto mais livres da defesa irreal, melhor podemos lidar com a defesa saudável. Geralmente, as duas se interpenetram e a defesa não saudável enfraquece e mina a defesa saudável, diminuindo o seu efeito.