É a negação da capacidade e do impulso inato de dar. Quando o apego medroso e desconfiado torna impossível para a alma entrar no fluxo da vida e movimento universais, o processo total de dar e receber é interrompido, de modo que a graça de Deus, com todas as suas manifestações, não pode entrar na consciência da personalidade.

A tensão que o apego provoca cria um sistema energético fechado. Um sistema fechado sempre cria resistência. Esse processo ocorre tanto no nível individual quanto no nível coletivo. No primeiro caso, é fácil observar a sutileza da pressão interna provocada pela tendência autoritária e impositiva que diz, "você tem que me amar", criando exatamente a resposta oposta ao que se deseja. No segundo caso, a tirania e a dominação, devido à imposição de alguns indivíduos que se movem pelo poder sobre os outros, causam e criam mais medo, oprimindo a centelha criativa.

O amor não pode florescer num sistema fechado de energia que é fonte de desconfiança, de falta de amor, de poder e de distorção da verdade. Um sistema fechado de energia que implica uma atitude rígida de apego é realmente uma arma falsa e ineficiente que possuímos para lidar contra uma visão negativa do universo em que vivemos, ou, pelo menos, contra uma visão do que a vida significa para nós mesmos. A arma é manejada ainda com mais força, quando se mostra ineficiente, isto é, nos tornamos mais impositivos, possessivos, exigentes, ciumentos e dominadores. Assim, o sistema de energia cada vez se tranca mais, fechando-se contra as riquezas da vida.

Nossa ilusão sobre a natureza negativa da vida é reforçada e lutamos contra essa visão negativa ilusória, esperando não cair no poço de resignação e de desistência, em vez de simplesmente desapegarmos. Não é possível conseguir o desprendimento do apego de uma só vez, na dependência de uma única decisão. É uma decisão e um comprometimento, uma entrega, que devem ser repetidos muitas e muitas vezes.