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Veja: Confiança, Coragem, Erro, Identidade
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São normas que criam uma superestrutura de regulamentos fixos no lugar do eu verdadeiro. Nem sempre são regras genéricas. Variam de acordo com a personalidade, a formação, os ensinamentos recebidos na infância, as circunstâncias e o temperamento. Deixando de lado a ética geral, o que uma pessoa acha errado e proibido, outra pessoa pode não achar.
Essa estrutura, na realidade, toma o lugar do eu. Assim, confiamos nas regras, e não em nós mesmos. E essa é uma segurança instável, pois muitas vezes essas regras podem não se aplicar a determinadas situações reais.
Muitas vezes teremos que procurar às apalpadelas, confrontados com a situação de não saber o que é certo. No entanto, se não conseguirmos nos aceitar como seres humanos, falíveis e muitas vezes confusos, essa ocorrência inevitável tem a capacidade de nos desestabilizar completamente. Atribuímos a desestabilização à situação em si, quando na verdade ela deriva da atitude assumida com relação à situação.
Queremos sempre encontrar a solução final imediatamente. Essa urgência é determinada pela falsa ideia de que admitir que não se sabe a resposta é dar uma prova da própria falta de valor; ou simplesmente temos reações negativas, não desenvolvidas. Portanto, a primeira coisa a aprender é a capacidade de aceitar não apenas a falibilidade, mas o fato de que muitas vezes não sabemos a resposta.
Estamos muito condicionados a aceitar regras já prontas. As regras ficam na nossa frente, bloqueando o problema real, impedindo que vejamos os fatores que estão por trás delas. Esses fatores podem ser, ou não, contrários à regra rígida. Enquanto não tivermos coragem de examinar as questões, deixando de lado a regra, não poderemos assumir nossa identidade.
Se aprendermos isso, e ao mesmo tempo continuarmos gostando de nós mesmos, nossas emoções, de modo gradual, mas seguro, amadurecerão e as nossas reações mudarão, seguindo-se uma confiança saudável em nós mesmos, em nossas reações espontâneas naturais. Seremos mais tolerantes com nós mesmos e não iremos precisar mais da perfeição como a única base do respeito.
Questionar as regras exige a coragem de cometer um erro, se preciso for, e sabedoria, porque sabemos que o erro em si não é tão importante, o que importa é nossa atitude em relação a ele. O desapego das regras exteriores exige que cortemos o laço de dependência delas, e dessa maneira da aprovação pública.