É uma força criadora em qualquer nível de existência.

Nas esferas mais elevadas ela cria a vida espiritual, as ideias, os conceitos e princípios espirituais. Nos planos mais baixos ela cria a força sexual pura e não espiritualizada, cria a vida da forma, ou seja, o veículo destinado a viver nessa esfera.

O sexo puro existe em todas as criaturas vivas: animais, plantas e minerais. Eros surge com o estado de desenvolvimento no qual a alma está encarnada como um ser humano. E o amor puro é encontrado nos mais elevados reinos espirituais. Isso não significa que eros e sexo não existam mais em seres de maior desenvolvimento. De fato, os três se combinam harmoniosamente, são refinados e tornam-se cada vez menos egoístas, o que não quer dizer que no ser humano seja impossível ocorrer a mistura harmoniosa de todas as três forças.

Em raros casos apenas eros, sem sexo e sem amor, existe por um tempo limitado. É comumente denominado amor platônico. Mais cedo ou mais tarde, porém, na pessoa saudável, eros e sexo vão misturar-se. A força sexual, ao invés de ser reprimida, é tomada pela força erótica e ambas fluem em uma única corrente. Quanto mais separadas permanecem as três forças, menos sadia é a pessoa. Outra combinação frequente, particularmente em relações de longa duração, é a coexistência de genuíno amor com sexo, mas sem eros. Embora o amor não possa ser perfeito a menos que as três forças estejam juntas, existe uma certa quantidade de afeição, companheirismo, carinho, respeito mútuo e um relacionamento sexual que é sexo puro, sem a centelha erótica que evoluiu há tempos atrás.

Quando eros está ausente a relação sexual termina necessariamente sofrendo. E este é o problema com a maioria dos casamentos. O impulso sexual, na personalidade infantil imatura, é egoísta. Quando se considera, pela influência das imagens de massa, que sexo é “pecado”, este impulso vital permanece escondido. O medo de enfrentar a própria sexualidade conscientemente, de forma que possa amadurecer com o resto da personalidade, dificulta a integração da sexualidade com eros e os sentimentos de amor. Isso cria um Círculo Vicioso. Quanto mais a existência da sexualidade é reprimida, por ser considerada pecaminosa, menos pode amadurecer e integrar-se ao amor. Sempre que ela se manifesta, a pessoa se sente culpada e envergonhada, tentando arrancar a duras penas esse impulso vital dentro de si, o que só acarreta danos. Embora hoje a visão do sexo como “pecado” tenha sido relativizada, provoca ainda a dificuldade de um amadurecimento pleno dessa expressão da vida e de sua integração com outras áreas da personalidade.