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Veja: Ansiedade, Autocentrismo, Autoimagem Idealizada, Dignidade, Frustração, Vergonha
É resultado de duas correntes da alma: uma é manter-se firmemente agarrado às coisas, não deixando para trás o que é obsoleto, para possibilitar a assimilação de material novo pela alma. É um movimento restritivo. A outra se dirige para fora, mas não de maneira descontraída, e sim muito gananciosa, cobiçosa, compulsiva. Como as duas distorções são intrinsecamente autocentradas, a reação na personalidade é necessariamente dessa mesma natureza.
O autocentrismo provoca frustração, ansiedade, tensão, compulsão, culpa e insegurança, para mencionar apenas algumas das emoções negativas que são geradas.
O erro é ainda mais trágico porque a psique, erroneamente, acredita que o autocentrismo preservaria sua segurança ou satisfaria esses intensos desejos. No entanto, nada induz maior insegurança do que ser egocêntrico. Essa atitude requer padrões e regras de comportamento predeterminados e fixos, por mais sutis e vagos que possam parecer. Quando os outros não se curvam a essas regras e expectativas, a “segurança” desejada e planejada sucumbe.
Além disso, o medo constante de que os outros possam, talvez, não se curvar às regras, sabota a paz interior. Somos obrigados a depender daquilo que não podemos controlar. No entanto, se não formos autocentrados, podemos nos permitir ser flexíveis, vendo e experimentando cada situação como algo novo e adaptando-nos às necessidades específicas dela. Como a preservação do eu não é o foco central, nos sentimos seguros para nos adaptar a qualquer situação, pessoa ou exigência imprevista.
A derrota é às vezes inevitável, e quando ela ocorre, ameaça o precário chão e a pseudosegurança da autoimagem idealizada. A personalidade saudável consegue admitir a derrota. A questão é como a aceitarmos no nível da experiência interna.
A dificuldade em aceitar uma grande derrota ou pequenas derrotas no dia a dia abala a segurança e confiança, dando uma sensação de vergonha e humilhação, que precisa ser escondida dos demais e que nos leva a diminuir os outros considerando-os supostamente responsáveis. Essas e muitas outras reações são indício da nossa verdadeira atitude em relação à essa experiência.
Passar pela derrota de maneira saudável e madura pressupõe humildade verdadeira, generosidade de sentimentos, certa grandeza de poder admiti-la sem perder a dignidade. É exatamente essa atitude que aumenta a dignidade.
Palestra: 085