É um sentimento ilusório, quando se trata do tipo errado de vergonha. Nesse caso está conectada à vaidade e à aparência. Reconhecê-la indica certo grau de liberdade interior. A vergonha está sempre acompanhada de um disfarce emocional, de uma falsificação da personalidade.

O tipo certo de vergonha, expresso de formas diferentes, significaria o verdadeiro arrependimento. Sem ele jamais haveria incentivo para a luta contra o Eu Inferior e o autodesenvolvimento. O verdadeiro arrependimento, portanto, é um elemento construtivo e muito positivo.

Mas também existe a vergonha do tipo oposto. Nesse caso, ela se assemelha a um complexo de culpa que afunda a pessoa na autopiedade. Esse tipo errado de vergonha decorre do orgulho e o intensifica. O resultado é que nos escondemos cada vez mais de nós mesmos e dos outros, tornando-nos impostores e aumentando nosso autodesprezo. A vergonha de tipo errado cria a separação e aguça o sentimento de solidão.

Ao mesmo tempo em que temos vergonha de alguns defeitos, podemos nos apaixonar por eles e, por esse motivo, não querer deles nos desvencilhar ou quando nosso centro é desnudado, de forma que se expõe o que ele é agora, a personalidade mesmo que tenha menos medo de aniquilação ou perigo, fica mais envergonhada. Esta é uma vergonha estranha, um sentimento de embaraço e de exposição com relação ao modo como a pessoa realmente é. É como se a pessoa tivesse que se expor nua. Esta experiência pode ser registrada por qualquer um e não é a vergonha de seus enganos, desonestidades e destrutividade, nem a vergonha de ser complacente. É um nível completamente diferente, é vergonha de uma qualidade diferente.

Qualquer pessoa que entre em contato pela primeira vez com o centro de vida universal, que apenas é e está dentro dela, só pode fazer isto quando for real, seja lá o que for que isto signifique no momento. Antes que esta experiência seja possível a pessoa vai encontrar este fenômeno de vergonha e nudez.

Vários aspectos da vergonha são tratados nas palestras: a relação da vergonha com a culpa (032q e 060q); com a autoimagem idealizada (117); com a corrente-não (125); com o orgulho (031); com a autodecepção (117); vergonha das emoções (062q); vergonha do Eu Superior (065q e 066); o tipo certo e o errado de vergonha (031); vergonha no relacionamento (117); vergonha como parâmetro de avaliação do contato da pessoa com o Eu Real (117 e 152).