É o desejo que a criança dentro de nós mantém de que tudo seja da maneira que ela quer, do jeito que ela quer e na hora em que ela quer. Este desejo vai além disso, implica também ter total liberdade sem responsabilidade.

Podemos não ter consciência de que desejamos exatamente isso. Queremos, acima de tudo, uma autoridade benevolente que conduza nossas vidas de todas as formas, do jeito que desejamos.

Queremos total liberdade com relação a tudo, queremos tomar decisões e fazer escolhas livremente. Se elas forem acertadas, o crédito é nosso. No entanto, não queremos ser responsáveis por nada ruim que aconteça. Então, nos recusamos a ver a ligação entre um acontecimento e nossas próprias ações e atitudes, encobrindo as relações de causa e efeito de tal maneira, que, depois de certo tempo, é preciso realmente um grande esforço para trazê-las à tona. Isto acontece porque queremos que as autoridades sejam responsáveis apenas pelas coisas ruins.

Todos temos, pelo menos em algum aspecto, a esperança e o desejo da liberdade sem total autorresponsabilidade. Podemos desejar assumir autorresponsabilidade em certas áreas de nossa vida, com frequência e principalmente nas atitudes superficiais e externas. Mas na atitude última e mais profunda perante a vida como um todo, nos recusamos a fazê-lo. Desejamos liberdade absoluta. Uma reflexão profunda sobre esse aspecto mostra-nos que isto é impossível. É uma utopia!

Não podemos ser livres e, ao mesmo tempo, não ter responsabilidade alguma. Ao retirar a responsabilidade de nós mesmos, restringimos, na mesma medida, a própria liberdade.