É a liberação não necessariamente do outro, mas de nossa própria necessidade e urgência distorcidas.

Este é o núcleo da comunicação correta numa relação de interdependência saudável. Quem se retrai para uma concha de isolamento, ou quem antagoniza agressivamente seus próximos, na falsa convicção de que não se importa, mostra uma independência doentia que tem origem e resulta em maior dependência e necessidade doentias.

Esses padrões de comportamento interno (por mais que sejam camuflados) nunca são uma expressão da vontade livre e da decisão de ter independência e interdependência saudáveis.

A relação doentia se baseia na negociação, na interação de atitudes de submissão e domínio, onde qualquer uma delas é a que prevalece em um parceiro, ou elas se alternam nas diversas fases do relacionamento, e não se baseiam na ação interior livre da parte de ambos.

Outra faceta que expressa a distorção nesse aspecto é quando o homem nega a si mesmo a experiência nova e espontânea de chegar a conceitos independentes, descobertos por ele mesmo, segundo os quais pauta sua vida. Quando ele não realiza o esforço da busca, não o faz por comodismo, que redunda em falta de integridade ou, em outras palavras, oportunismo e covardia.

O autoconhecimento e a libertação são determinados pela liberdade que a pessoa tem de adotar leis e padrões naturais e universais, tomando a decisão independente de segui-los racionalmente, e assumindo a plena responsabilidade por tal decisão.

Esse estado mental difere radicalmente daquele em que o ser humano adota automaticamente a visão, as opiniões, as leis aparentes da vida, as normas de ética e a moral sem questionar seu sentido. A linha divisória entre dependência e independência saudáveis e doentias é tênue. O único meio de descobrir é por meio do trabalho de encarar e examinar os sentimentos e as reações, de entender seu significado, buscando suas raízes.