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Veja: Compulsão, Consciência compulsiva, Vontade
É uma indicação de que existe, num plano oculto, exatamente a unilateralidade contrária.
Por exemplo, a compulsão em ser altruísta ao ponto da autodestruição muito provavelmente abriga uma necessidade não reconhecida e desviada de ser egoísta, de maneira igualmente exagerada.
Quando o altruísmo acarreta principalmente resultados negativos – exploração, ressentimentos, ingratidão – não basta dar a essa tendência os rótulos de autopunição e autodestrutividade. Isso pode ser verdade também, mas a razão pode ser o egoísmo oculto que a pessoa combate, substituindo-o, na superfície, por seu total oposto.
A falta de vontade de encarar a necessidade existente de egoísmo (mesmo que ela não se traduza em atos, mas exista nas emoções e como desejo) torna o altruísmo aparentemente inautêntico e, portanto, problemático e destrutivo. Ele só pode passar a ser autêntico quando o egoísmo primitivo e infantil for admitido, encarado e entendido em termos de que necessidades insatisfeitas mais profundas fizeram como que ele existisse. Somente então ele pode ser transformado em autêntico altruísmo.
Eva Pierrakos. Caminho para o Eu Real. São Paulo: Publicação Interna Pathwork São Paulo, 2012, Capítulo 23.