É o resultado de conceitos ilusórios. Não é punição. Da mesma forma, a felicidade não é recompensa, e sim o resultado de conceitos verdadeiros.

O sofrimento é uma distorção das nossas forças cósmicas pessoais através da qual nós combinamos nossa negatividade ou atitude destrutiva ao princípio vital positivo, ou seja, crueldade e prazer.

Estamos o tempo todo criando uma interação entre mobilidade, tensão, descontração e estagnação. Se um curto-circuito impede a experiência real do princípio do prazer, isto é, em si mesmo a estagnação, fruto de tensão e ansiedade não resolvidas. Ao contrário, o alívio da tensão e da ansiedade, isto é, a descontração, promove a volta à mobilidade e ao prazer.

É preciso identificar que combinações fazemos quando criamos resistência; a negação entre o reflexo automático do prazer e uma situação negativa; o apego a todo o conjunto pelo medo de abandonar qualquer prazer.

As combinações que praticamos resultam de concepções errôneas, gerando confusão de movimentos: a mobilidade estressada de afastar-se do que existe agora e daí o esforço, a tensão, o medo, a inércia.

O enfrentamento do sofrimento e da alegria nos obriga a crescer. A nossa atitude diante do sofrimento determina se a alma se beneficia, ou não, durante o seu processo ou somente mais tarde. Até a atitude cega e rebelde em relação ao sofrimento acaba beneficiando a alma. Ainda é muito melhor do que fugir dele e melhor que a paralisação, a imunização ou o entorpecimento da capacidade de sentir e vivenciar.

No entanto, uma atitude cega e ignorante diante do sofrimento nos fará sofrer mais e por mais tempo do que o necessário, e o processo de crescimento só pode se efetivar quando a nossa consciência aprende essa lição. Inversamente, uma atitude perceptiva e saudável conquistará para nós, de imediato, crescimento e libertação.

O modo de encarar o sofrimento talvez seja o mais importante segredo da vida do homem. Se conseguirmos encará-lo de forma aberta, sem reservas, dispostos a aprender, dispostos a manter intactos o raciocínio e as faculdades, embora emocionalmente possamos estar mergulhados em escuridão, rebeldia, covardia e autopiedade, o resultado do sofrimento será a felicidade, pois na medida em que o enfrentarmos, cresceremos com ele.

A atitude ideal é combinar o espírito ativo da busca das próprias causas ocultas interiores com a atitude descontraída de, no momento, aceitar o indesejado, com a plena compreensão de que a infelicidade que geramos tem valor terapêutico. Nesse caso também é uma questão de chegar à combinação certa de atividade e passividade saudáveis.