É não estar de posse de algo que já temos no momento. É a falta de algo que pensamos que deveria estar presente. Requer muito menos força que a felicidade.

É importante tirar uma lição significativa de algum momento infeliz, que propicie novo crescimento. Isso exige contato com as forças superiores inatas.

Muita infelicidade é causada pela necessidade compulsiva de corresponder àquilo que pensamos existir. Se não soubéssemos desses padrões externos, não seríamos infelizes. A infelicidade muitas vezes provém da comparação e, portanto, não é genuína. Pode ser muito valioso olharmos para a nossa infelicidade desse ponto de vista. Mesmo que algumas das nossas genuínas necessidades possam não ser atendidas, veríamos que nossa infelicidade é agravada pela comparação de nós mesmos com os outros.

O estado que poderia verdadeiramente nos fazer infelizes não pode ser compreendido e dissolvido, enquanto formos dirigidos por padrões superpostos, enquanto a vergonha e o orgulho nos induzirem à moralidade e a justificativas. Assim, não podemos crescer para a superação do problema, porque não o entendemos.

O desejo de infelicidade nasce de um fenômeno básico, complexo e totalmente universal da alma humana. A personalidade acha cada vez mais impossível encontrar a felicidade de acordo com o conceito equivocado e único que conhece (“só posso ser feliz quando as coisas forem do jeito que eu quero, na hora que eu quero”).

Em vez de encontrar o jeito adequado, transformando o conceito equivocado no certo, é comum a personalidade simplesmente lutar contra a correnteza, procurando forçar a vida a se adequar ao conceito errado.

Quando fica demonstrado que isso é impossível, a pessoa procura uma saída que parece ser uma solução, mas que, a longo prazo, é ainda mais prejudicial. Inconscientemente, ela pensa: "como a felicidade me é negada e a infelicidade é inevitável e imposta a mim contra a minha vontade, é melhor tirar proveito da situação e transformar uma desvantagem em uma vantagem, procurando desfrutar a infelicidade".

O que ocorre aí é um casamento entre o prazer e nossa negatividade, o que nos leva a sustentar a infelicidade. A nossa infelicidade pode provocar doenças.

Paradoxalmente, essas doenças, nosso descontentamento e a desarmonia são uma indicação de saúde, pois é precisamente o verdadeiro ser espiritual do homem que fala através da infelicidade, enviando ao ego consciente uma mensagem de que algo deveria ser diferente.

Os efeitos danosos da nossa infelicidade não recaem apenas sobre nós, mas também sobre os outros com os quais interagimos e em todos os relacionamentos que estabelecemos, porque existe a crença enganosa de que, para alguém estar feliz, alguém precisa estar infeliz.

Vários aspectos da infelicidade são tratados nas palestras: comparação com o outro como causa da infelicidade (104); desejo de infelicidade (058); efeito da infelicidade nos outros (126q); infelicidade nos relacionamentos (128); infelicidade como indicador de adoecimento (164); prazer de estar infeliz (135).