Desejo de ser amado (e vergonha de)
Recomende:

Veja: Autoalienação, Especialidade, Lei da Fraternidade, Retirada, Substituição

É desejo legítimo, quando há disposição de dar tanto quanto se pede. Mas não é realidade pedir mais do que se quer dar, nem alegar que não há o desejo de ser amado. Algumas pessoas retiraram-se tanto – encontrando um contentamento aparente, temporário e superficial – que estão inconscientes do seu profundo anseio. Esta inconsciência é um autoengano e, portanto, também é ilusão.

Aquelas pessoas, que emanam um calor genuíno, que saem de si mesmas e cujo amor pode realmente ser sentido, têm menos necessidade de lisonjas, de aprovação e concordância. Aquelas que se retiram com medo do amor e, portanto, da vida, terão um desejo muito grande de serem amadas, na mesma proporção.

No entanto, isso não quer dizer que a capacidade de amar leve ao abandono do desejo de ser amado. De qualquer modo, nosso desejo será menos tenso e urgente e, como efeito, iremos experimentar menos tensão e ansiedade.

Ocorrem situações em que afirmamos não desejar amor e respeito do outro por conta de comportamentos dos quais nos envergonhamos. Nesse ponto estamos equivocados, pois toda criatura viva merece amor e respeito. Achamos que não merecemos porque mantemos algo escondido, e nessa visão distorcida, sofremos de solidão e continuamos fingindo, de maneira sutil. Portanto, o tipo errado de vergonha também infringe a Lei da Fraternidade.

A vergonha e a subsequente repressão do desejo de ser amado tem origem numa generalização equivocada que a criança faz, quando percebe que sentir o desejo de amor exclusivo e ilimitado é errado e sente culpa. É verdade que o amor exclusivo e ilimitado é irrealista e desejá-lo é imaturidade, mas a conclusão errada daí decorrente está em pensar que o desejo de amor em si é errado, de que ser amado é algo vergonhoso.

A criança substitui o desejo de ser amado pelo desejo de ser aprovada, de brilhar, de ser melhor que os outros, de impressionar as pessoas, de ser importante. De algum modo, isso parece menos vergonhoso. A criança cresce e se torna um adulto que passa pela vida provando constantemente a si mesmo, para receber respeito, admiração e aprovação.

Essa substituição pode assumir diversas outras formas, que são meros substitutos do anseio de ser amado, desejo que, em si, é inteiramente criativo, se despojado da exclusividade e unilateralidade infantis. Apenas a maneira como tentamos concretizar esse desejo é irrealista, doentia e prejudicial, não o desejo em si.

Palestras: 031, 069, 071

031: VERGONHA
069: A ÂNSIA DE OBSERVAR OS RESULTADOS ENQUANTO NO CAMINHO; REALIZAÇÃO OU REPRESSÃO DO DESEJO VÁLIDO DE SER AMADO
071: REALIDADE E ILUSÃO

ABC

Sentença do Guia “A prece é o prelúdio da meditação. A prece envolve apenas pensamentos. A meditação é a prece que envolve os sentimentos e as forças da alma, ao contrário das forças do pensamento. Para atingir esse segundo passo, mais avançado, o homem precisa de uma certa disciplina e concentração, que aprende através da prece.” P. 009