Faz parte, junto com limites, da criação amorosa.

Estrutura e limites existem em todas as facetas da realidade, de uma maneira ou de outra. Não pode haver organização no universo, pequeno ou grande, planetário ou minúsculo, não pode haver comunidade de entidades vivas sem estrutura, lei, limites que podem aparentemente restringir algumas pessoas em certas ocasiões. Pelo menos a princípio, pode dar essa impressão. Na realidade não é isso o que acontece.

As leis, os limites, a estrutura, as regras são provenientes da verdade e do amor, e não da hostilidade e do desejo de nos frustrar. Encontramos estrutura e lei em todos os aspectos amorosos da criação. Os animais que vivem em liberdade obedecem à estrutura da mais elevada criação com dignidade, despreocupação e ternura. Eles aceitam a estrutura, e vivem e se expandem nela com muita liberdade.

A rebeldia contra a estrutura é uma expressão peculiar ao homem, que tem a ver com sua evolução e com o ritmo do aumento de sua consciência, por um lado, e igualmente com os impulsos do seu Eu Inferior, por outro.

É claro que existem limites, leis e regras em nosso mundo, na condição humana, que são uma expressão direta da limitação da própria consciência do homem. São obstáculos que, sem querer, colocamos em nosso caminho. Pertencem a uma categoria diferente das leis que consolidam a vida. No entanto, a rebeldia e as reações de indignação contra as restrições, além de serem dirigidas contra um alvo errado, também aumentam a frustração e as restrições, devido à nossa reação inadequada.

Quando aceitarmos a estrutura estreita e a virmos como ela é – um produto do nosso pensamento limitado – nossa esfera de liberdade se ampliará. Mas ela não se amplia por meio da revolta contra os necessários limites externos, contra o que parece ser uma restrição.

A liberdade provém do reconhecimento inteligente da estrutura e de sua aceitação, por livre escolha. Essa escolha não é feita por medo e fragilidade, por dependência e submissão; tampouco é uma rebeldia do tirano interior, que despreza a razão e a sabedoria. Ela é feita por causa da vontade de enxergar a verdade e o sentido, e aceitar amorosamente, com base nisso, a estrutura estreita do presente, mesmo que a princípio ela pareça representar uma restrição dos desejos pessoais. Esse é um ato de amor e liberdade.