É um processo de ação e reação na relação entre psiques de dois ou mais indivíduos, onde as distorções e negatividades de um afetam, reforçam, engancham e contracenam com as distorções e negatividades do outro.

Envolvidos demais na luta dualista, em nossas próprias defesas e na proteção de nossa autoimagem ilusória, ficamos cegos para a realidade psíquica da constante interação entre o eu e o outro. A atitude que diz: “ou eu/ou o outro” cria uma terrível situação de confusão, culpa e autodúvida. Por exemplo, nossa atitude de autovitimização reforçará a resistência irracional da outra pessoa a ser aberta, vulnerável e amorosa.

A interação inconsciente fortalece, justifica e aumenta a convicção de que a negatividade é uma defesa necessária. Observada deste limitado ponto de vista, a posição defensiva parece correta. Assim, podemos ver que o efeito de nossa intencionalidade negativa nos faz responsável pela outra pessoa, assim como por nós mesmos.

É uma das aparentemente paradoxais verdades da realidade espiritual, o fato de que somos responsáveis por nós mesmos e também somos responsáveis pelo outro, apesar de que cada responsabilidade é diferente.

Da mesma forma, a intencionalidade negativa da outra pessoa fere, prejudica e nos atrasa e somos responsáveis por fazer isto com nós mesmos. E ainda assim, o efeito dela sobre nós também é nossa responsabilidade, porque a negatividade dela não poderia nos atrapalhar se não estivéssemos tão tenazmente agarrados à nossa.

Cada um de nós tem a escolha de deixar que as intenções negativas dos outros sejam uma desculpa para manter a sua própria, ou de buscar uma nova forma de responder à vida. Assim, é certo dizer que somos totalmente responsáveis por nós mesmos e que os outros são totalmente responsáveis por si mesmos. Ao mesmo tempo em que é igualmente certo que nós todos somos responsáveis uns pelos outros.

Ao assumir a autorresponsabilidade, rompemos com a cadeia doentia na interação com o outro e ajudamos o outro a fazer esse rompimento. Com nosso ato de verdade, que é um ato de amor, ajudamos a libertar o outro de sua confusão e de sua luta para tentar separar a contribuição negativa dele da nossa.

Quando tornamos claro o que estamos fazendo, removemos uma grande quantidade de confusão e dúvida, de modo que possa emergir o verdadeiro quadro da situação, com relação a onde e quanto cada pessoa está contribuindo para um envolvimento e interação negativos. Este tipo de sinceridade tem um efeito tremendamente liberador.